A corrida foi o melhor que me aconteceu!

A corrida de rua entrou na minha vida em 2015, quase por acaso, através de um desafio de amigos do ginásio para nos candidatarmos ao prémio de equipa mais numerosa. Não ganhámos o prémio, mas a verdade é que ganhei um vício que transformou completamente a minha vida. Embora tenha tido, desde sempre, aptidão para o desporto, a corrida de rua não fazia parte da minha rotina; apenas fazia alguns quilómetros na passadeira.

Hoje em dia, digo que fui desafiada para fazer a minha primeira prova de 10 km em boa hora. Na verdade, só tenho pena de ter descoberto que gostava de correr e de competir já numa fase mais avançada da vida. Tanto tempo desperdiçado!

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Essa primeira experiência correu bem (com uma média de 5:30 min/km). Comecei logo a participar em algumas provas em Lisboa e, posteriormente, em muitas outras nos Troféus das Localidades (Sintra, Oeiras e Cascais), que foram a minha grande escola e onde construí a minha base de crescimento. Aí percebi que, mesmo não treinando corrida assiduamente nem seguindo nenhum plano de treino específico, apenas usando o meu bom senso, conseguia obter resultados que me deixavam orgulhosa. Foi aí que o caminho se tornou irreversível.

Com o gosto pela corrida a crescer, os resultados a aparecerem e as amizades a surgirem, foi a tríade perfeita para começar a treinar com mais motivação, disciplina, foco e ambição. Quando tenho um objetivo, quase nada é capaz de me fazer desviar do caminho planeado. A única coisa que pode travar e que não depende de mim é a minha saúde.

Sou portadora de três doenças autoimunes (Lúpus, Síndrome de Sjögren e Tiroidite de Hashimoto), que por vezes me fazem lembrar que nem sempre é como eu quero, mas como posso. Apesar de adorar correr, aprendi a escutar o meu corpo e, acima de tudo, a respeitar aquilo que ele me possibilita fazer. Felizmente, já me permitiu viver experiências fantásticas e aventuras doidas que só os corredores percebem (8 maratonas completadas e vários títulos e pódios). Essa linguagem de loucura é universal no mundo da corrida e é bem compreendida entre todos os corredores.

Esta partilha é no sentido de vos encorajar; apesar das adversidades da vida, sejam elas quais forem, podemos reescrever a nossa história, mas também trazer um pouco de consciência, pois nem sempre vale tudo. O segredo é respeitar a fase em que se encontram, serem conscientes da vossa aptidão física, respeitar o vosso corpo e evoluir gradualmente.

Por vezes, muitos treinam lesionados, exigindo do seu corpo mais do que ele pode dar no momento, porque estão obstinados por um objetivo ou por um pseudo-super-heroísmo. Será que vale a pena? Se há algo que aprendi, principalmente nos últimos dois anos, é que o respeito pelo meu corpo prevalece se quero continuar a correr e a sorrir de forma genuína e com alegria por estar a fazer uma das coisas que mais gosto e que me dá vida.

A corrida tem sido uma das minhas grandes aliadas na vida, até mesmo uma boia de salvação. A corrida salvou-me de um burnout, atenua a minha condição autoimune, dá-me liberdade, mostra-me o quanto sou corajosa, tem-me proporcionado amizades para a vida, ensina-me o significado de companheirismo e espírito altruísta. A corrida mostra-me que a vida vale a pena ser vivida.

Espero que sejam tão felizes a correr quanto eu sou! Bons treinos!

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