Café, uma bebida natural, é a mais saudável para atletas 

A prática de exercícios tornouse uma rotina comum e saudável na sociedade moderna, sendo a corrida a forma mais comum.

Outras actividades como natação, ciclismo, futebol, voleibol, basquetebol e desportos com raquetes (ténis, squash) envolvem um número enorme de participantes. Este exercício somase ao gasto energético efectuado nos locais de trabalho do ser humano, sendo menor nas sociedades sedentárias.

Antes da Revolução Industrial, o trabalho braçal humano era responsável por 30 % da energia gasta nas fábricas e no campo. Na actualidade, nos países ricos e nas camadas dominantes dos países pobres, este gasto energético equivale a menos de 1%. Isto criou a forma sedentária de vida, algo recente na história da humanidade, acostumada a uma intensa actividade física na sua evolução. Um grande número de doenças pode ser influenciado pelo exercício, como asma, ou mesmo prevenidas na sua ocorrência, como problemas cardiovasculares

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O exercício pode ser dividido em isométrico e isotónico dependendo do tipo de actividade muscular realizada. Na contracção isométrica ocorre um aumento na tensão muscular sem uma mudança significativa no comprimento da fibra muscular. Nenhum trabalho externo é realizado, mas a energia é gasta de forma substancial, como no halterofilismo. Em contraste, o exercício isotónico envolve o encurtamento das fibras musculares com pouco aumento na tensão, como na natação, no ciclismo ou nas corridas. A maioria dos outros exercícios envolve elementos isotónicos e isométricos

O exercício isométrico e o isotónico diferem substancialmente nos seus efeitos fisiológicos. O exercício isométrico aumenta a resistência vascular periférica de forma generalizada, ao mesmo tempo que causa um aumento na pressão sanguínea sistólica e diastólica com pouco aumento no volume sistólico e no débito cardíaco. No exercício isotónico, a resistência vascular periférica total cai, mas a frequência e o débito cardíaco aumentam. A pressão sistólica aumenta significativa- mente, com pouca alteração da diastólica, o que causa um discreto aumento na pressão arterial média. O trabalho isométrico causa uma sobrecarga de pressão ao coração, enquanto o exercício isotónico causa uma sobrecarga de volume. Os efeitos hemodinâmicos do exercício isométrico dependem da sua intensidade. Diferentes grupos musculares também causam diferentes alterações hemodinâmicos durante o exercício

Actividades com os membros superiores causam um maior aumento na frequência cardíaca e na pressão sanguínea do que actividades com os membros inferiores, para um mesmo consumo de oxigénio ou idêntico trabalho realizado. O exercício isométrico aumenta a força e a massa muscular. Atletas competitivos podem ser bastante beneficiados pelos exercícios isométricos

Doentes em reabilitação devido a problemas músculo- esqueléticos também podem ser beneficiados por exercícios isométricos para aumentarem a sua força muscular, principalmente quando a imobilização articular limita exercícios dinâmicos. Entretanto, o exercício isométrico estático produz um discreto condicionamento cardiovascular e as alterações circulatórias causadas pelo exercício isométrico podem ser prejudiciais ao paciente cardiopata.

Por outro lado, o exercício isotónico dinâmico é mais benéfico e produz alterações cardiovasculares de adaptação úteis em atletas e em pacientes. Por isto, a melhor e mais saudável forma de exercício é a actividade dinâmica isotónica

O exercício físico pode trazer grandes benefícios psi- cológicos ao ser humano, produzindo estimulação e relaxamento psíquico. Uma melhoria do humor, da autoestima e da capacidade de trabalho tem sido 

observada em pessoas saudáveis e em pessoas submetidas a reabilitação cardíaca. Exercícios agudos aliviam a ansiedade e a tensão, embora a duração seja temporária por 2 a 5 horas. A actividade física reduz o risco de aparecimento de depressão e a incidência de depressão em pacientes com predisposição para tal, além de haver uma melhor capacidade de adaptação ao stress

Durante o exercício físico ocorrem alterações nos níveis plasmáticos de monoaminas e de neuropeptídeos no sistema nervoso central, causando profundas mudanças nas funções neuroendócrinas. Inúmeras funções neurológicas, como respostas visuais evocadas, condução nervosa periférica e tempo de reacção aumentam com um bom condicionamento físico, enquanto os níveis de betaendorfina plasmática aumentam no exercício aeróbico agudo. O treino físico também pode diminuir o catabolismo das endorfinas, sendo possível supor que as alterações nos níveis de peptídeos opioides endógenos mediados pelo exercício físico podem causar mudanças subjectivas e do humor do atleta, benéficas não apenas na actividade física, mas no perfil psicológico do individuo

Corredores de maratona e atletas de outras formas de exercício intenso aumentam os níveis de endorfina no cérebro, criando uma forma de autorecompensa interna (selfreward”). Isto faz com que o atleta treinado siga adiante ao atingir um ponto máximo de cansaço, que leva todas as pessoas sem treino a pararem por fadiga. Caso os atletas tomassem café diariamente durante os treinos, na dose mínima de 4 chávenas, é possível imaginar que os ácidos clorogénios do café bloqueariam os receptores que são estimulados pelas endorfinas, peptídeos opióides cerebrais. Isto faria com que os neurónios do cérebro aumentassem a sua descarga de endorfinas para trazer o estímulo necessário para o atleta prosseguir, atingindo a autorecompensa num nível mais alto. Atletas assim treinados, teriam um cérebro trabalhando contra uma resistência a autorecompensa. E quando esta resistência fosse retirada, certa- mente este cérebro estaria com uma maior capacidade de produzir a autorecompensa. Desta forma, atletas treinados consumindo diariamente café, caso parassem de tomálo na véspera e nos dias de competição, poderiam ter a sua performance aumentada de forma significativa, sem qualquer tipo de doping . Apenas aumentando, além da capacidade dos músculos, a capacidade do cérebro de prosseguir mais além

Artigo publicado na Associação Brasileira dos Industriais de Café, da autoria do Prof. Dr. Darcy Roberto Lima (MD, PhD)

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