
ATLETA PORTUGUÊS TINHA NA ALTURA 38 ANOS Carlos Lopes, campeão olímpico com 54 quilos, treinava em Portugal entre as 11h e as 13h, simulando os 36 graus que enfrentaria em Los Angeles. Numa época, correu 12 mil km. Bastaram duas maratonas para que batesse o recorde europeu da maratona e quatro para se tornar campeão olímpico. Seis maratonas foram suficientes para que melhorasse o recorde mundial. A sua estreia ocorreu em Nova Iorque, em outubro de 1982, aos 35 anos, onde acompanhou Alberto Salazar e Rodolfo Gomez até aos 37 km, mas teve de desistir devido à preparação insuficiente. Seis meses depois, na Maratona de Roterdão, lutou pela vitória até ao fim num grupo de oito corredores.
Entre eles, estavam os mesmos que dominaram em Nova Iorque e o poderoso australiano Robert de Castella, então recordista mundial. A melhor marca mundial pertencia a Alberto Salazar. Na Maratona de Roterdão, Salazar e Gomez foram os últimos a ceder, deixando Lopes e Castella na frente. Após uma intensa disputa, Castella venceu, com Lopes estabelecendo a melhor marca europeia, superando Gerard Nijboer.
TÍTULO OLÍMPICO E RECORDE MUNDIAL A próxima maratona de Lopes foi em Roterdão, em abril de 1984. Queixando-se de cãibras, desistiu, mas voltou aos Jogos de Los Angeles, conquistando o primeiro título olímpico do atletismo português. Isolou-se aos 37 km para vencer com cerca de 200 metros de vantagem, estabelecendo um recorde olímpico que perdura. Depois de um segundo lugar em Chicago, ainda não totalmente recuperado das celebrações olímpicas, Lopes focou novamente em Roterdão. Quatro semanas antes, tinha-se sagrado pela terceira vez campeão mundial de corta-mato. Em Roterdão, com a ajuda de “lebres” até os 20 km, fez mais de metade da prova sozinho, mantendo um ritmo muito regular e estabelecendo um novo recorde mundial de 2:07:12, o primeiro homem a baixar das 2h 08m.
A QUEDA DO RECORDE O recorde mundial de Carlos Lopes durou três anos. Em Roterdão, em 1988, o etíope Belayneh Dinsamo fez 2:06:50, superando o tempo anterior de Lopes. Dez anos mais tarde, na Maratona de Berlim, Ronaldo da Costa estabeleceu um novo recorde mundial. O recorde europeu de Lopes, no entanto, permanece intacto. Seis meses depois de Roterdão, Steve Jones quase o superou em Chicago por um segundo. Dez anos depois, Vincent Rousseau ameaçou o recorde em Berlim. Mais recentemente, foi o espanhol Fabian Roncero quem se aproximou mais, mas o recorde de Lopes resiste.