Desempenho e Saúde: O Equilíbrio Essencial para a Mulher Atleta

A Tríade da Atleta Feminina pode ser diagnosticada quando um ou mais dos seguintes fatores estão presentes:
Baixa disponibilidade de energia (com ou sem distúrbio alimentar);
Disfunção menstrual;
Diminuição da densidade mineral óssea.

‼️ Reconhecendo que a baixa disponibilidade de energia pode afetar atletas de ambos os sexos e ter consequências que vão além do sistema reprodutor feminino e do sistema esquelético, o Comité Olímpico Internacional, em 2014, introduziu um termo mais abrangente: Deficiência Energética Relativa no Desporto (RED-S). Assim como a tríade, esta condição ocorre quando a ingestão calórica é inferior ao gasto energético, afetando negativamente a saúde física e mental do atleta.

A Tríade da Atleta Feminina pode ocorrer em qualquer desportista do sexo feminino, mas é especialmente comum em desportos de resistência, como a corrida. Agora que já sabes o que é esta condição, fica atenta ao teu corpo e lembra-te: o verdadeiro sucesso no desporto vem com saúde e equilíbrio!

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Conforme referimos anteriormente, um dos principais fatores da tríade é a baixa disponibilidade energética. Este conceito varia ao longo de um espetro, desde a disponibilidade energética ótima até uma disponibilidade energética reduzida (com ou sem perturbação alimentar). Quando a disponibilidade energética é demasiado baixa, os mecanismos fisiológicos do corpo reduzem o gasto energético em funções essenciais, como manutenção celular, termorregulação, crescimento e reprodução.

Algumas atletas desenvolvem perturbações alimentares, caracterizadas por restrição alimentar excessiva. A manutenção prolongada de um défice energético pode comprometer gravemente a saúde. As atletas com maior risco de baixa disponibilidade energética são aquelas que:
Reduzem drasticamente a ingestão calórica;
Praticam exercício por períodos prolongados;
Adotam dietas vegetarianas sem acompanhamento nutricional;
Limitam o tipo de alimentos ingeridos.

Embora a alimentação, por si só, nem sempre leve a um distúrbio alimentar clínico, a pressão para perder peso e o tipo de discurso utilizado podem influenciar negativamente a relação da atleta com a comida e com o seu corpo. A prevenção e o tratamento da Tríade da Atleta Feminina, particularmente da baixa disponibilidade energética, devem ser conduzidos por uma equipa multidisciplinar, incluindo nutricionistas, médicos especializados e profissionais de saúde mental (em casos de perturbações alimentares). A sensibilização para esta condição é essencial para proteger a saúde e o desempenho das atletas.

Outro fator crítico da Tríade da Atleta Feminina é a disfunção menstrual, um termo que abrange diferentes alterações no ciclo menstrual, sendo a mais comum a amenorreia – ausência de menstruação por três meses ou mais. A amenorreia pode ter diversas causas, incluindo condições médicas e genéticas, défices energéticos e fatores de stress.

O tipo de amenorreia mais associado ao desporto é a amenorreia hipotalâmica funcional (FHA), que ocorre devido a alterações no eixo hormonal causadas por baixo consumo energético e excesso de exercício físico. As consequências da disfunção menstrual incluem anovulação (falta de ovulação), insuficiência da fase lútea, oligomenorreia (ciclos menstruais irregulares) e infertilidade.

Quando a ingestão calórica da atleta é adequada ao seu gasto energético, o ciclo menstrual mantém-se normal. No entanto, um défice energético prolongado pode levar a disfunções menstruais severas. Atletas que apresentam ciclos menstruais ausentes, irregulares ou excessivamente abundantes devem procurar aconselhamento médico, pois a saúde menstrual é um indicador importante da saúde geral da atleta.

O terceiro fator da tríade é a densidade mineral óssea (DMO), um dos aspetos mais preocupantes da condição. A DMO mede a saúde dos ossos e pode variar entre ótima densidade óssea e osteoporose. Durante a puberdade, ocorre uma fase crítica de acumulação de massa óssea, atingindo o seu pico no início da idade adulta. A partir da menopausa, a densidade óssea tende a diminuir, principalmente devido à queda dos níveis de estrogénio e progesterona.

A baixa DMO está frequentemente associada a disfunções menstruais e ingestão calórica insuficiente. Atletas tendem a ter uma DMO mais elevada do que mulheres sedentárias, graças à prática de exercício físico. No entanto, excesso de treino e défice energético podem ter o efeito contrário. A falta de estrogénio em atletas com disfunção menstrual pode acelerar a remodelação óssea, tornando os ossos mais frágeis e suscetíveis a fraturas. Além disso, atletas que atingem a menarca mais tarde ou sofrem de amenorreia podem nunca alcançar o pico ideal de massa óssea, aumentando o risco de osteoporose precoce.

Embora o treino fortaleça os ossos, o excesso de impacto e carga pode causar micro lesões e fraturas por stress devido à repetição excessiva de forças externas. A Tríade da Atleta Feminina é uma condição complexa que pode afetar a saúde e o desempenho desportivo. O reconhecimento, prevenção e tratamento precoce devem ser uma prioridade para todos os que trabalham com atletas femininas, garantindo que maximizam os benefícios da prática desportiva sem comprometer a saúde.

Se és atleta ou trabalhas com desportistas femininas, fica atenta aos sinais e aposta numa abordagem equilibrada para alcançar performance e bem-estar a longo prazo. ‍♀️

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