Era uma vez, num tempo não muito distante, um mundo onde participar de provas, cruzar a linha de chegada, conquistar medalhas e celebrar gloriosamente a vitória depois de muito suor ainda não eram “coisas de mulher”.

Até que Kathrine Switzer chegou para abalar o domínio do patriarcado na corrida profissional e abrir as portas para as muitas corredoras guerreiras, que, hoje, levam o desporto a sério e inspiram outras mulheres a correr.

Publicidade

Não conhece essa história? Vamos lá:

Kathrine Switzer foi a primeira mulher a correr oficialmente na Maratona de Boston, em 1967. Durante os 70 anos de história da prova até então, ser homem era um requisito indiscutível para participar.

Mas, como Katherine conseguiu se inscrever? Simples. Ela desafiou as regras do jogo: se candidatou-se para a prova usando somente as iniciais do seu nome, K.V. Switzer — omitindo, assim, o fato de ser uma mulher.

Kathrine chegou a ser abordada por um técnico e insultada durante a corrida, mas seguiu: completou a prova com grande sucesso e… mudou o mundo!

Por que há tantas restrições para mulheres no desporto?

Há muitas coisas que atrapalham a entrada (e o sucesso!) das mulheres no desporto. Alguns dos impedimentos são de origem externa: falta de opção para meninas em programas atléticos, abuso sexual e questões até de segurança física (correr sozinha num local deserto à noite, por exemplo).

Em outros casos, essas barreiras são os conflitos internos, questões que muitas mulheres assimilam por tradição: pensar que o próprio corpo não é ideal para a atividade (muito magra, muito gorda, muito fraca, muito lenta). Há mulheres que também sentem algum tipo de vergonha ou timidez porque, aos olhos do grande público, o desporto escolhido não é visto como algo exatamente “feminino”.

Pois é: muitas vezes, seja por questões culturais ou psicológicas, são as próprias mulheres que, por um motivo ou outro, pisam no travão antes mesmo de darem a largada! Enfim, nadar contra a maré é complexo: com a cabeça cheia de vozes gritando mil razões para não praticar uma determinada atividade, fica extremamente difícil para meninas e mulheres encontrarem motivação para treinar.

Os pós e contras 

O primeiro passo para transformar algo é começar. E juntos somos mais: meninos e meninas, homens e mulheres — seja qual for a sua idade e género, veja abaixo algumas coisas que podemos colocar em prática para incluir, reapoderar a mulherada e (efetuar) a diferença.

1. Correr em grupo.

As redes de apoio, como grupos e comunidades de corredores, são um ótimo ponto de partida para quem quer começar a correr (ou treinar), mas luta com a pressão da baixa autoestima (independente de género). Imagine contar com um coletivo de corrida que incentiva iniciantes, dá dicas para as experientes, marca confraternizações presenciais (ou virtuais) depois de uma prova…  Um sonho, não é?

2. saber é poder.

Não sabe bem como começar a correr? Normal. Ninguém nasce a saber!

Procure informações básicas sobre como começar a treinar. Se já pratica desportos por um tempo, mas precisa de motivação para continuar ou alcançar algum objetivo específico!

3. REPRESENTATIVIDADE das mulheres NO Desporto

É importante conversar com outras mulheres sobre as suas próprias experiências, medos e desejos, mas lembre-se de também compartilhar o seu ponto de vista com os homens da sua vida: pai, tio, primo, irmão, amigo, parceiro… É inegável que, em diferentes partes do mundo, certos assuntos ainda são tabu. Mas, como mudar isso se não conversamos sobre essas coisas?

Mesmo que  mulher do desporto e na vida, não se sinta limitada por questões de género, saiba que outras muitas mulheres ainda são desmerecidas. Assim, sempre que possível, toque nesses assuntos construtivamente. Se não for muito de falar, aja: convide uma amiga para caminhar, correr ou treinar com você! Só de trazer mais uma mulher para o poder do desporto,  estará a dar um grande passo em direção à inclusão.

Segurança das mulheres no desporto.

As mulheres podem e devem conquistar as ruas. No entanto, em alguns lugares, correr na rua é arriscado para todo o mundo.

Quem gosta de correr nas ruas deve, idealmente, buscar as áreas mais tranquilas e menos perigosas para treinar. Quem, além de correr só, também prefere correr à noite, deve considerar algumas medidas extras de segurança antes de sair.

Leave a Reply