Tendinopatia do Tendão de Aquiles!

A tendinite do Tendão de Aquiles (T.A.) é considerada uma das lesões mais temidas pelos corredores de longa distância, sendo uma das três com maior incidência nesse grupo. O tendão é a estrutura que liga o músculo ao osso; no caso do T.A., ele conecta os gémeos e o sóleo (tricípete sural) ao calcâneo, estruturas fundamentais para a impulsão na corrida. O T.A. suporta aproximadamente 7,7 vezes o peso corporal, e cargas elevadas podem predispor o tendão a lesões de sobreuso, que incluem processos inflamatórios, degenerativos e diversos tipos de rotura.

O termo “tendinite” descreve o processo inflamatório do tendão. Devido à sua fraca irrigação sanguínea, o tendão pode sofrer alterações nas fibras, levando a uma degeneração e atrofia intratendínea (tendinose), que pode evoluir para um espessamento e possíveis roturas parciais ou até uma rotura total. Associadas à tendinite, podem ocorrer inflamações do paratendão (paratendinite), da bursa (bursite) ou o aparecimento de calcificações.

Vários fatores podem predispor ao surgimento da tendinite do T.A., incluindo:

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– Aumento da intensidade do treino;
– Pouco tempo de recuperação entre sessões;
– Mudanças no tipo de piso ou terreno;
– Troca de calçado;
– Alterações na posição do pé (supinação/pronação);
– Assimetria dos membros inferiores;
– Fraqueza muscular e diminuição da flexibilidade;
– Desequilíbrios musculares;
– Excesso de peso;
– Erros no gesto técnico, entre outros.

A tendinite normalmente se manifesta por dor, que pode ser repentina ou gradual, evoluindo de um desconforto para uma dor severa que impede a atividade. A dor é mais intensa pela manhã ou no início da atividade, diminui e depois agrava no final do exercício ou do dia. Pode haver edema, crepitação e alterações à palpação numa fase aguda, evoluindo para um espessamento do tendão numa fase mais crónica.

No tratamento, além do repouso e da fisioterapia, exercícios excêntricos têm sido essenciais na reabilitação e prevenção, permitindo o alongamento e fortalecimento do tricípete sural e do T.A., melhorando a absorção de forças e reduzindo a dor e tensão no tendão. Recomenda-se o protocolo “Painful Heel-Drop” de Alfredson, com 3 séries de 15 repetições, duas vezes por dia, todos os dias, durante 12 semanas.

Nota: Este protocolo não substitui a consulta a um fisioterapeuta ou médico perante qualquer sintoma.

**Francisco Almeida e Silva – Especialista em Running em Fisioterapia e fisioterapeuta da seleção nacional de atletismo, entre 2001 e 2013:

Dúvidas e outras questões através de fisiofrancisco@gmail.com

Por Jornal i.