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Consultar o médico antes de se iniciar qualquer sistema de preparação física. De preferência, um clínico familiarizado com as regras da Medicina Desportiva. Não, não queremos só um simples exame de rotina e mais nada, mas sim outro de análise mais específica de maneira a que o interessado saiba exatamente em que ponto está mesmo a sua “máquina”.
O ideal seria mesmo ter a possibilidade de efetuar uma prova de esforço controlado em tapete rolante, situação que nem sempre é possível de efetuar nomeadamente quando o objetivo é, apenas e só, iniciar-se na prática da corrida.
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Iniciar a atividade de forma calma e progressiva, intercalando curtos períodos de corrida com outros de marcha.
Em lugar de começar com complexos programas físicos com esquemas e gráficos talvez pouco compreensíveis para qualquer cidadão normal, será preferível escolher um esquema bem simples, fácil de executar e sobretudo que seja compreendido pelo candidato a atleta.
A alternância de curtos períodos de corrida lenta, fácil, com outros de caminhada é uma das fórmulas ideias de progressão. Por exemplo 300 metros, em terreno plano, a correr lentamente, seguindo-se 50 metros a caminhar normalmente e isto durante 20 ou 30 minutos…
Atenção o tempo de caminhada de apenas 50 metros não deve ser interpretado como descanso mas sim como período inserido no próprio esquema de corrida. Por outro lado, a obrigatoriedade das pausas para caminhar, mesmo que se sinta capacidade para manter, metade que ainda não deve parar. Está provado cientificamente que um dos processos mais rápidos de iniciação à corrida passa exatamente pela constante alternância de fases de corrida com outras de caminhada.
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Reconhecer que os primeiros tempos, as primeiras sessões, vão ser muito exigentes, tanto no plano físico como psicológico. Imagine que o seu corpo, a sua “máquina” é um automóvel que esteve estacionado durante anos.
Para começar a colocá-lo em bom funcionamento há que “dar tempo ao tempo” de maneira a permitir uma adaptação gradual às novas cargas de esforço. Esta mudança de atitude, em termos psico-fisiológicos acaba por ser muito exigente para qualquer pessoa, principalmente se tem uma idade entre os 35 e os 50 anos e o seu passado, digamos, desportivo, não vai no sentido relevante.
Preparar-se psicologicamente para uma mudança de comportamentos físicos é um dos pontos fundamentais para qualquer pessoa que quer mesmo seguir um plano de iniciação à corrida.
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Há que aprender a “escutar” o corpo. Saber parar quando se está cansado e recomeçar quando se recuperou e, aos poucos, ir ficando com a noção de como tudo funciona no seu organismo. Podíamos apontar aqui que o ideal é correr 30 minutos x dias, às horas y, depois de comer uma refeição z, mas não. Nem os dias são iguais, se calhar, bem vistas as coisas a refeição z é ideal para 30% dos indivíduos mas um “horror” para 15% e de outros…
Cada plano, cada esquema, deve ser adaptado, tanto quanto possível, às características individuais de cada praticante e daí esta expressão “saber escutar o seu corpo”. É isso mesmo avaliar dia a dia como é que está a ser feita a assimilação dos tempos de corrida contínua, das pausas de tudo enfim…
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Evitar seguir os esquemas de preparação ou os ritmos de corredores mais experientes. Há que não esquecer que eles, para atingir esse nível, tiveram meses, anos, de prática de Corrida.
Um dos princípios muito utilizados por quem se inicia na corrida é juntar-se a um grupo que já praticava a corrida e “ir no andamento” deles. Calma, há que dar tempo ao tempo e nas primeiras semanas todas as precauções são bem vindas. É muito bom seguir os conselhos de corredores com mais experiência, saber ouvir e… ir experimentando no seu próprio corpo, mas tudo de uma forma gradual e sempre sabendo que não há dois homens iguais.
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É necessário ser-se consistente e metódico, de maneira a construir-se, em cada sessão que passa, um pouco mais para o objetivo pretendido. É isso estipular objetivos! Por exemplo, dentro de 4 semanas quero estar a correr 30 minutos, lentamente, sem parar!
Depois a “meta” poderá ser os 40 minutos ou ir do ponto A até B calmamente, sem parar e sem dores.
Ter objetivos, mesmo para os campeões faz com que a chama da motivação esteja sempre bem viva e que o desportista adira às sessões de treino com entusiasmo. O deixar “andar”, o seguir os conselhos e os mesmos ritmos pode saturar qualquer praticante. É evidente que estes devem ser realistas não Everests difíceis de se subirem.
Começo hoje a correr e dentro de quatro semanas vou à Maratona… isto não é uma motivação é um suicídio e o mais grave é que pode colocar em perigo a saúde do praticante.
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Ter o cuidado de elaborar um simples “Diário de Treino”, é essencial e ele servirá para que se possa avaliar os progressos ou os erros que vão sendo acumulados em cada sessão realizada. O Diário, é isso mesmo, qualquer corredor deve ter o seu, com assinalamento de ritmos, tempos de treino e sensações vividas para ao fim de várias semanas de possam aquilatar os grandes ou pequenos progressos conseguidos.
Infelizmente, ainda há muitos corredores, muitos dos quais com anos de prática, que nunca tiveram o seu Diário de treino, situação que é complexa nomeadamente quando se pretende estudar os processos de preparação que se seguiram nos últimos meses ou anos.
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Não esquecer a utilidade do princípio “Treino Duro/Treino Fácil”, isto é, a um esforço exigente deve seguir-se outro bem mais reduzido. Essa situação irá permitir melhor absorção fisiológica das cargas de treino que vão sendo progressivamente impostas.





