Entrevista Exclusiva com Sandra Teixeira: A Trajetória Inspiradora da Atleta e Treinadora do Projeto Sassy Roda no Ar

Para começar, conte-nos um pouco sobre o teu percurso como atleta profissional.

A minha vida desportiva iniciou-se quando tinha 10 anos, no andebol, onde me mantive até aos 17 anos, altura em que descobri o atletismo. Um amigo, que gostava de assistir aos jogos, perguntou-me se não queria experimentar o atletismo, uma vez que eu corria muito e ele achava que eu tinha perfil de atleta. Levei-me a uma corrida das localidades em Queluz e ganhei a prova.

A partir daí, o meu primeiro treinador, o Pedro Gomes, que carinhosamente chamamos de papito, veio falar comigo para saber se eu já corria. Disse-lhe ser a primeira vez e então ele decidiu convidar-me para fazer parte da equipa do Linda-a-Pastora, clube onde me mantive durante seis anos antes de ingressar no Sporting.

No meu primeiro ano de atletismo, participei numa prova de 400m e, na primeira prova, fiz 60 segundos, o que era o mínimo para o nacional de juvenis e, nesse mesmo ano, fui campeã nacional. Depois fui convocada para as jornadas da juventude em Inglaterra. Lembro-me que, quando disse ao meu pai, ele não acreditou e dizia que me iam raptar. Teve que ir o presidente da federação e o selecionador nacional, com o meu treinador, para que o meu pai deixasse-me ir.

Aconteceu tudo muito rápido. Eu ainda estava indecisa entre o andebol e o atletismo, mas depois desta competição, no ano seguinte, decidi apostar tudo no atletismo e senti que encontrei o desporto que me preenchia e me fazia muito feliz. Estive no Linda-a-Pastora até que o Prof. Mário Moniz Pereira me fez um convite irrecusável, oferecendo-me todas as condições para praticar atletismo de alta competição e estudar. Foi aí que troquei o meu clube pelo Sporting, onde me mantenho até hoje com muito orgulho. Uma casa onde sou muito feliz.

Quais são os recordes mais significativos que alcançaste?

Completo este ano 30 anos de carreira e todos os recordes e marcas são marcos importantes, pois todos eles têm por trás muitos sacrifícios. Por isso, para mim, fica difícil escolher um. No entanto, destaco alguns dos meus principais tempos:

• 400 metros: 54,19 (Lisboa, 2000)
• 800 metros: 2:01.55 (Salamanca, 2006)
• 1500 metros: 4:10.28 (Leiria, 2005)
• 3000 metros com obstáculos: 10:00.69 (Huelva, 2008)
• 400 metros com barreiras: 60,78 (Lisboa, 1998)
• 3000 metros: 9:08.85 (Castellón, 2009)

Como consegues gerir a profissão e o atletismo?

Numa primeira fase, quando ingressei na Força de Segurança, eu tinha o estatuto de atleta de alta competição e era mais fácil, pois os horários permitiam treinar e trabalhar. Agora tento gerir os horários do trabalho com a vida de mãe, atleta, treinadora e uma loja. Se perguntarem se é fácil, eu direi que não, mas tudo depende

da organização do nosso dia a dia. Primeiro, faço tudo com imenso prazer e gosto daquilo que faço, logo aí já levamos vantagem e depois todos os segundos contam. Por vezes custa treinar às 6h da manhã para poder gerir o resto do dia, mas depois do treino feito e dever cumprido, o dia corre melhor e já não consigo ver a minha vida sem treino. Pois, como dizia o Prof. Mário Moniz Pereira, “Há treino todos os dias”.

Fala-nos um pouco sobre o Projeto Jamor, onde atuas como treinadora. Tens descoberto muitos talentos?

O Projeto Jamor iniciou-se com um convite do Professor Paulo Colaço para abraçar a marcha e corrida, onde estive durante oito anos e fui muito feliz. Já tinha terminado a licenciatura em Educação Física e foi neste projeto que iniciei como treinadora. Aqui cresci muito e aprendi muito.

Depois da pandemia, como tinha imensos atletas que queriam competir, eu e o meu marido decidimos abrir um clube de atletismo. Como moramos em Queijas e tínhamos o clube 1º Dezembro de Queijas, com a secção de atletismo fechada há mais de 20 anos, decidimos reabrir o clube e, neste momento, já estamos com cerca de 200 atletas e uma satisfação enorme.

Trabalhamos com os mais novos e com os mais velhos e, sim, temos vindo a descobrir talentos que têm de ser trabalhados, mas sabemos que o atletismo nestas idades tem de ser sem pressas e com muita paciência. É um projeto que tem vindo a crescer cada vez mais e tem tudo para que, num futuro, tenhamos muitas surpresas boas.

Agora, sobre o novo projeto como revendedora da marca Joma. O que é a Joma e qual a sua relação preço-qualidade?

A Joma surgiu durante a pandemia, quando muita gente me procurava para comprar material, uma vez que eu trabalhava com a marca Under Armour, da qual era patrocinada. Inicialmente, era esta a marca com que queríamos trabalhar, mas a logística e as burocracias eram muitas e, em tempo de pandemia, não podíamos arriscar.

O meu marido, o Marco Veloso, já trabalhava com a marca no Belenenses e decidimos fazer uma reunião com eles, da qual fomos muito bem aceites e, na semana seguinte, começamos a trabalhar com eles. Para mim, foi uma surpresa ótima a nível de calçado, pois estive muitos anos com outras marcas e nunca senti o conforto que senti com a Joma.

Neste momento, penso que a nível de preço-qualidade é dos melhores do mercado, sem dúvida. Temos os nossos clientes muito satisfeitos e houve um crescimento enorme a nível de calçado e material.

Onde é que os atletas podem encontrar os produtos da Joma?

Podem encontrar os nossos produtos na loja Sassy Roda no Ar, na Rua Júlio Diniz, nº 24, em Queijas, com marcação através dos números 914638163 ou 917442730, ou no nosso site do Facebook e Instagram. Temos também loja online.

Que tipo de treino fazes hoje em dia?

Continuo a treinar e a competir com a mesma paixão que quando tinha 20 anos, pois adoro competir. Infelizmente, tive de ser operada à coluna a uma hérnia e, neste momento, a recuperação e os treinos têm de ser mais leves. Mas treino todos os dias, com descanso de 15 em 15 dias, e faço séries duas vezes por semana e um treino longo ao domingo, sempre acima dos 14 km.

Que tipo de alimentação segues?

Depois de tantos anos na alta competição, o nosso organismo habitua-se a uma alimentação saudável e sempre que fujo, o organismo já não aceita. Como tal, tento manter uma alimentação equilibrada. A única coisa que não entra na minha alimentação são gorduras e fritos.

Que mensagem, deixas a quem lê a entrevista?

A minha mensagem vai para aqueles que arranjam muitas vezes desculpas para não tratar da saúde porque não têm tempo. Costumo dizer que, depois, quando ficam doentes, arranjam tempo para ir aos hospitais e farmácias. Não se esqueçam de que têm de cuidar de vocês e, às vezes, basta apenas 30 minutos no vosso dia para se manterem saudáveis, física e mentalmente. No Jamor, os treinos são às terças e quintas às 18h30 e aos sábados às 10h, com idades compreendidas entre os 7 e os 100 anos. Venham conhecer este grupo fantástico e cuidar da vossa saúde, eu cá vos espero de roda no ar.

Gostarias de deixar algum agradecimento especial?

Quero deixar um agradecimento a todos aqueles que me seguem nesta carreira maravilhosa e agradecer por todo o carinho e amizade. Quando abri a loja, percebi o quanto as pessoas me admiravam e, desta forma, consigo retribuir todo o carinho e admiração. Sou realmente uma atleta e mulher privilegiada e completa nesta família que é o atletismo. Grata a todos vocês e seguimos juntos de roda no ar.

Resumo das Competições e Recordes:

Competições Internacionais:

Competições Nacionais: