Porque é que as crianças e jovens deixam de praticar desporto?

Por David Llopis Goig — Psicólogo do desporto

Ao analisarmos os dados sobre a participação de crianças e jovens em corridas organizadas especificamente para eles, observa-se que, à medida que aumenta a idade dentro de cada categoria, o número de participantes diminui.

Um fenómeno comum

Não é raro ver corridas com apenas três ou quatro participantes jovens, ou com categorias fusionadas por falta de atletas, especialmente nas idades mais altas. Este fenómeno repete-se em muitos desportos, não só na corrida. Conhecer as causas é essencial para inverter esta tendência.

Abandono desportivo: números

Estudos indicam que entre 30% e 60% dos jovens deixam a prática desportiva. Os valores variam consoante o país, a metodologia e a modalidade, mas há um padrão: o abandono tende a aumentar nas idades mais precoces.

Um exemplo vem das Jornadas de Menores em Atletismo da Real Federação Espanhola de Atletismo, onde se identificou que um dos principais problemas é o elevado número de atletas que abandonam, especialmente a partir dos 14 anos.

Abandono e motivação

O abandono pode assumir várias formas:

  • Abandono parcial — o jovem troca uma modalidade por outra.
  • Abandono temporário — pausa na prática, mas com possível regresso.
  • Abandono definitivo — o jovem deixa totalmente o desporto e não volta a praticar atividade física regular.

Motivos apontados pelos próprios jovens

Os jovens indicam razões variadas, geralmente relacionadas com os treinos, a perceção de competência e a competição:

  • Treinos: sessões consideradas monótonas ou demasiado exigentes.
  • Competência: desistência quando percebem que não vão atingir o nível dos melhores.
  • Competição: foco excessivo em vitórias e resultados leva ao afastamento dos que não ganham.

É importante ter em conta que a motivação muda com a idade. Na infância, o prazer e a diversão são os principais fatores. Na adolescência, o reconhecimento, a superação e o apoio social ganham importância. Se estas necessidades não forem atendidas, o risco de abandono aumenta.