O que leva alguém a levantar-se às 5h da manhã, em pleno sábado ou domingo, quando a cama está quente, o dia é húmido, enevoado, e o frio convida a dormir mais um pouco? Para um trail runner, a resposta está em momentos únicos que conseguem despertar emoções intensas e uma inesgotável vontade de viver a natureza.
São esses primeiros instantes da manhã, quando poucos despertam, que fazem todo o sacrifício valer a pena. Mesmo sob o breu de um céu cinzento, com o ocasional chuvisco, a vibração é inconfundível. A adrenalina sobe ao encarar o desafio de superar a montanha ou um trilho técnico difícil — a sensação de conquista é exaltante, o corpo parece imparável e a liberdade toma conta do espírito.
O trail running não é apenas um desafio físico, é uma experiência sensorial completa. O ritual antes da corrida — calçar os sapatos adequados, preparar um pequeno-almoço reforçado, vestir a mochila, encher as garrafas de água — é quase sagrado. Cada corredor, desde os mais jovens aos mais experientes, dos mais velozes aos mais cautelosos, parte em busca do seu objetivo pessoal, mas todos partilham um amor genuíno pela natureza.
A natureza, por sua vez, abraça, envolve e desafia os corredores. É um parceiro imprevisível, que “brinca” e “prega partidas”, fazendo-nos cair… e levantando-nos com ainda mais força. Desistir após o primeiro treino ou prova? Impossível. O hábito cria-se rápido, o vício cresce, e o corredor regressa, vezes sem conta, em busca da próxima aventura.
O trail running é, acima de tudo, uma celebração da perseverança, do companheirismo, e do prazer de estar em comunhão com o meio natural. É a paixão que faz com que alguém deixe o conforto da cama e parta em direção ao desconhecido, para se sentir verdadeiramente vivo
