Quando é que começaste a correr e o que te motivou a dar os primeiros passos?
Comecei em meados de outubro de 2024. Na altura andava a preparar-me para ir a pé a Fátima pelos caminhos de Santiago, então fazia caminhadas. Mas fartei-me de só andar e comecei a correr aos poucos. Descobri uma paixão que não conhecia, e que chegou aos 45 anos.
Tiveste uma lesão logo no início. Como foi esse processo de recuperação?
Sim, em março de 2025. Estava a treinar todos os dias, com muitos quilómetros nas pernas, e a preparar-me para a minha primeira meia maratona. Fiz o mini trail do Paleozóico já lesionada, mas terminei. Depois fiquei mesmo mal: durante 15 dias nem conseguia andar. Chorei, claro, mas depois aceitei a situação, comecei fisioterapia e ginásio. Percebi que tinha de reforçar o corpo para poder continuar.
Que tipo de treino te ajudou mais na recuperação?
Reforço muscular e cycling. E hoje faço alongamentos todos os dias ao acordar por causa da coluna — tenho um disco comprometido entre L5 e S1, é algo genético. Corro menos do que antes da lesão, para não me estragar mais, mas compenso com os outros treinos.
Treinas às 5 da manhã. Como consegues manter essa rotina?
Foco e disciplina. É a hora que tenho disponível sem afetar a família. Eles ainda estão a dormir, eu corro, volto, tomo banho, trato dos miúdos e levo-os à escola. Às 7h38 estou a apanhar o comboio para o Porto para trabalhar. E além disso… gosto mesmo de treinar a essa hora. Há uma paz difícil de explicar.

Como concilias a corrida com a vida de mãe de dois filhos?
Com organização. Tenho uma adolescente e um menino pequeno, mas quando se quer muito, tudo se arranja.
Trabalhas na CP como revisora. Já levaste o gosto pela corrida aos teus colegas?
Acho que não influenciei ninguém diretamente, mas sabem que corro e já perguntam às vezes.
Começaste com caminhadas para Fátima. Ainda pensas em fazer percursos longos ou outros desafios?
Sim. Faço principalmente trail, porque é o que a minha equipa precisa e me foi pedido. Mas também corro em estrada, para trabalhar os tempos e a velocidade.
Preferes trilhos ou estrada?
Gosto dos dois, mas prefiro trail. É mais desafiante, mais duro, mas dá-me mais prazer.
Depois de tudo o que já passaste, o que representa hoje a corrida na tua vida?
É o meu modo de vida. Faz-me falta como o ar que respiro. Amo correr.
Tens alguma prova ou desafio que sonhas realizar?
Sim, quero muito fazer a minha primeira meia maratona. E gostava de participar num trail do Carlos Nature. Gosto de me lançar desafios novos, viver experiências diferentes.
Tens algum ritual antes das provas?
Aquecimento. Sempre. Para ver se as lesões fogem de mim.

Que conselho darias a quem quer começar, mas tem medo de não aguentar?
Nós conseguimos tudo aquilo em que acreditamos. A mente comanda tudo. O resto é começar, insistir e seguir caminho.





