Importância da alimentação no corredor pela especialista running em nutrição desportiva…

A única forma que o nosso organismo tem para obter energia e nutrientes é através da alimentação. Desta forma, o que comemos vai determinar não só a quantidade, mas também a qualidade energética e nutricional. Tendo em conta que a ferramenta de trabalho de um atleta é o seu próprio corpo, e que o seu desempenho desportivo é influenciado pelo seu estado nutricional, uma alimentação correta e adaptada aos objetivos desportivos torna-se fundamental. Assim sendo, as necessidades nutricionais específicas de um corredor vão variar consoante o tipo de treino, a altura da época e o calendário de competições.

Para maximizar o rendimento físico e mental, o corredor deverá cumprir as necessidades energéticas e nutricionais necessárias para suportar o seu programa de treino e os momentos de competição. Deverá também adotar estratégias nutricionais específicas antes, durante e após o exercício de forma a promover os processos de adaptação induzidos pelo treino e a recuperação entre sessões de treino/competição. O cumprimento das recomendações baseadas em informação científica relativamente à quantidade, à composição e ao momento de ingestão, vai ajudar o corredor a atingir um melhor rendimento desportivo, com menor risco de doença e lesão.

Através de uma alimentação que abranja um vasto leque de alimentos, e energeticamente adequada, é possível atingir as necessidades em hidratos de carbono, proteínas, gordura e micronutrientes para o treino e competição. Um plano alimentar ajustado vai permitir também atingir e manter uma composição corporal (massa corporal, massa gorda e massa muscular) saudável e adequada à modalidade. Para além dos cuidados alimentares, é fundamental reidratar convenientemente, tanto durante cada sessão de exercício como ao longo do dia, para que o rendimento seja ótimo.

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Quando o objetivo do atleta passa por perder peso, é fundamental uma seleção de alimentos com elevada densidade nutricional, ou seja, alimentos que forneçam elevadas quantidades de nutrientes por porção, de forma a reduzir o risco de desenvolvimento de deficiências nutricionais. A magnitude da redução energética deverá ter em conta tanto a saúde geral do corredor, como o seu impacto no rendimento desportivo. Por outro lado, quando o objetivo do corredor é ganhar peso, nomeadamente massa muscular, o plano alimentar também deverá ser cuidadosamente ajustado. Para além do aumento da ingestão energética, existem estratégias nutricionais de manipulação da quantidade, da qualidade e do momento de ingestão de proteína que têm vindo a demonstrar bons resultados no que diz respeito à estimulação da síntese proteica. Por isso, em ambas as situações, o processo deverá ser proposto e acompanhado por um especialista em Nutrição Desportiva.

Relativamente aos suplementos nutricionais, muitos são aqueles que estão disponíveis no mercado, mas apenas poucos têm base científica comprovada. É fundamental adequar os suplementos ao atleta em causa; cada suplemento tem uma utilidade específica que deverá ser respeitada (é imprescindível que haja fundamento cientifico da sua eficácia em termos de rendimento desportivo). O seu uso incorreto poderá ter consequências não só a nível do rendimento, mas também a nível da saúde do corredor. Uma das problemáticas relacionadas com estas substâncias é o seu, por vezes escasso, controlo de qualidade. A contaminação de suplementos com substâncias proibidas pode chegar aos 25%, ou seja, 1 em cada 4 poderá dar origem a um resultado positivo num controlo antidopagem. É importante ter presente que os suplementos não são substitutos de escolhas alimentares corretas. Porém, suplementos que fornecem nutrientes essências podem ser uma opção provisória em situações de restrição alimentar. O uso de suplementação ergogénica em atletas menores de idade te vindo a ser desencorajada pelo Comité Olímpico Internacional. Os jovens devem, em alternativa, focar-se em consumir uma alimentação nutricionalmente rica e adaptada à sua realidade desportiva de forma a permitir o normal crescimento e adaptação do organismo ao próprio treino.

Concluindo, o cuidado com a alimentação é essencial quando um corredor pretende atingir o máximo rendimento desportivo. As estratégias utilizadas para esse fim são cada vez mais específicas, mais adaptadas e mais minuciosas por forma a garantir o melhor e mais eficaz suporte nutricional de acordo com as necessidades e objetivos individuais de cada atleta.