A importância do banho de recuperação…

8Quando o especialista belga Raoul Mollet, iniciador dos esquemas do “Power Training” e adepto do “Cross Promenade”, surgiu com a sua designação de Treino Total, no princípio dos anos sessenta, vários foram os seus colegas treinadores a não compreender o alcance de tais termos. O treino era, então, entendido como um conjunto de actividades que preenchiam uma fracção do dia, enquanto as horas disponíveis não teriam nenhuma influência no rendimento do atleta. Mollet aparecia com o seu Treino Total e comprovando que, independentemente da influência do treino propriamente dito, havia uma forte percentagem de influências muito relacionadas com O estilo de vida levado pelo praticante. A benéfica acção da recuperação através dos esquemas de relaxamento e de contacto com a água vêm na linha directa dos princípios do Treino Total e constituem-uma preocupação cada vez mais forte nos corredores de todos os níveis, quer visem os Jogos Olímpicos ou o prazer de uma corrida em pleno pelotão. (M.M.)

Já são muitas as vezes que tecemos considerações sobre os grandes benefícios da prática da Corrida, principalmente no que se relaciona com o combate ao “stress” e com a redução das tensões a que somos obrigados pelo agitado estilo de vida que nos cerca. Independentemente das razões que possam levar-nos à prática do exercício físico, tais como busca de divertimento, terapia, ocupação de tempos livres ou competição, torna-se importante saber extrair de tal prática o máximo de benefícios possíveis.

Se é fundamental uma boa escolha dos métodos e processos que deverão ser seguidos em pleno esforço físico, igualmente assume grande importância o factor retorno à calma, isto é, o período que vai decorrer logo após o final do treino ou da competição. Vamos, portanto, focar uma área que, regra geral, não preocupa muito o atleta, talvez devido à pouca informação que nos surge sobre o assunto, não obstante, a muita atenção que o mesmo vem a merecer nos países mais desenvolvidos, na prática desportiva,

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Nada é mais eficaz do que a utilização de uma sauna para descontrair os músculos e reactivar a circulação sanguínea depois de um esforço, mas não é suficiente procurar-se repousar na sauna ou na piscina, enquanto se espera que os músculos se descontraiam.

Servirão para preparar a musculatura, com vista à acção reactivante da água ou da sauna, A série de figuras que apresentamos em anexo ilustram bem algumas variantes de reactivação, dependendo a n: 2 de uma maior disponibilidade de meias e de tempo (piscina, sauna ou simplesmente duche ou banho), De grande importância no programa após a corrida é o relaxamento, acção sem dúvida fundamental e que deve merecer atenção bem especial, Um quarto tranquilo, não muito iluminado, com boa temperatura e arejado, será o ideal, Para que tudo fique óptimo, há que prever a existência de um fundo musical bastante suave, com duração de 15 a 20 minutos, Igualmente, aconselha-se o atleta a escolher uma posição do seu agrado, num sofá ou estendido sobre as costas.

Durante 10 a 15 minutos, o atleta escutará a sua música preferida, mantendo os olhos fechados e respirando calmamente, enquanto procura manter-se alheio a qualquer problema da sua visa diária que possa preocupá-lo. E natural que, nas primeiras sessões, o corredor venha a sentir que nem tudo se passa como desejaria, mas todas as novas situações exigem um período de adaptação, o qual, no caso presente, pode começar, muito simplesmente, por uma inspiração profunda, seguida de expiração lenta pelo nariz e pela boca, movimentos que deverão ser repetidos algumas vezes, até que se aprenda a sentir toda a acção mecânica dos músculos que acompanham o mecanismo respiratório e, como é natural, a consequente relaxação.

O treino de corrida pode ser feito acompanhado. Após o esforço, a pausa dedicada à reactivação e relaxamento deverá decorrer em solidão, para que cada um possa tírar o máximo dos benefícios que lhe são proporcionados pelo método. Nos vários quadros aqui representados encontram-se referências quanto ao grau de temperatura a que deve estar a água dos banhos e dos duches, de forma a que a recuperação pós-treino seja mais rápida e permita fácil adaptação ao treino seguinte.

Quanto mais  idoso for o praticante, maiores deverão ser as suas preocupações no que diz respeito à recuperação e à prevenção em torno de possíveis lesões musculares. Neste último capítulo, importa salientar que, regra geral, tudo começa por uma “coisa de nada”, fixando-se posteriormente num quadro em que a lesão mais grave se torna evidente, com todos os inconvenientes que os corredores bem conhecem, certo que, como varias vezes tem sido dito, a prática regular da Corrida contribui para que os músculos se habituem aos movimentos de cada passada, mas também é um facto que as provas longas não favorecem muito a “souplesse” do praticante, observando-se, até, um certo grau de “rigidez” nos atletas veteranos que não prestam grande atenção ao capítulo da flexibilidade e de uma boa recuperação através do banho e da massagem.

Ao focarmos o problema da massagem, naturalmente que muitos estarão a pensar ser mesmo imprescindível obter-se a colaboração de um massagista para se poder usufruir dos benefícios que esse método proporciona. No entanto, e conside- rando a impossibilidade de tal. vantagem ‘ser mesmo extensiva a todos os interessados, será conveniente chamar a atenção para a conhecida hipótese da auto-massagem, situação ao alcance do próprio corredor, através do recurso a água e sabão e executando movimentos circulares com as mãos, sempre ao longo das grandes massas musculares.

A finalizar, importa que o interessado se detenha atentamente em cada um dos passos apresentados nas já citadas quatro variantes, de forma a se aperceber da maneira como eles decorrem e da viabilidade da sua aplicação. Porém, dado que a maioria dos atletas só dispõem de duche quando completam as suas sessões de treino, vejamos mais detalhadamente Como tudo se processa na variante respectiva, isto é, a número três. Começar-se-á por um duche rápido, seguido de “relax” durante um período de 10 a 15 minutos; depois, novo duche com água a uma temperatura alternada entre os 15 e os 40 graus, alternância essa que deverá ser repetida por duas ou três vezes; por fim, um duche quente, a temperatura constante e durante  uns três minutos

Por Giustino Dei Vecchio